05 outubro 2012

A minha alma


Eu gostava dele, a sério que gostava. Podia não ser uma paixão como o Ricardo, daquelas que põem as pernas a tremer e deixam o coração mesmo quase à entrada da boca. Não era uma paixão, como dizem, assolapada, mas eu gostava dele. Já me imaginava a casar com ele, quer dizer, casar não, porque não quero casar, mas a viver com ele, numa casinha quase de bonecas, com os nossos próprios «nenucos». Já fazíamos planos a dois, como o verdadeiro casal que éramos apesar de ainda nem há dois anos estarmos juntos. 
No início ele era só uma brincadeira de criança, para mim, mas no fundo sabia que era assim para ambos. Descomprometidos, com algum azar ao amor, não queríamos cá amarras nem prisões. Estávamos a descobrir-nos. Ele tinha 18 anos, eu 19.
Sempre fui um espírito livre, que gosta de seduzir e que só seduz pela adrenalina. É bom ter alguém que nos quer e que sabemos que só nos pode ter se assim o quisermos. Eu gosto dessa conquista, desse poder, faz-me sentir viva. E ele era só mais um que tinha caído nessa teia. 
Despreocupadamente dei-lhe conversa, queria conhece-lo porque é assim que eu sou, gosto de conhecer pessoas novas, sem segundas intenções por detrás dos meus atos. Tudo rolou, tudo e mais alguma coisa. E quase dois anos depois, ele acorda um dia e diz que não me ama.

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